A bomba atômica matou 100 mil pessoas na cidade japonesa de Hiroshima, em agosto de 1945. Naquele dia, depois de um clarÃŖo silencioso, uma torre de poeira e fragmentos de fissÃŖo se ergueu no cÊu de Hiroshima, deixando cair gotas imensas - do tamanho de bolas de gude - da pavorosa mistura.
Um ano depois, a reportagem de John Hersey reconstituÃa o dia da explosÃŖo a partir do depoimento de seis sobreviventes. O texto tomava a ediÃ§ÃŖo inteira da revista The New Yorker, uma das mais importantes publicaçÃĩes semanais dos Estados Unidos. O trabalho do repÃŗrter alcançou uma repercussÃŖo extraordinÃĄria.
Sua investigaÃ§ÃŖo aliava o rigor da informaÃ§ÃŖo jornalÃstica à qualidade de um texto literÃĄrio. Nascia ali um gÃĒnero de jornalismo que estabelecia novos parÃĸmetros para a maneira de relatar os fatos. A narrativa de Hersey dava rosto à catÃĄstrofe da bomba: o horror tinha nome, idade e sexo. Ao optar por um texto simples, sem enfatizar emoçÃĩes, o autor deixou fluir o relato oral de quem realmente viveu a histÃŗria.
Quarenta anos mais tarde, Hersey voltou a Hiroshima e escreveu o Ãēltimo capÃtulo da histÃŗria dos hibakushas - as pessoas atingidas pelos efeitos da bomba. Hiroshima permitiu que o mundo avaliasse o inacreditÃĄvel poder destrutivo das armas nucleares e a terrÃvel implicaÃ§ÃŖo do seu uso.