cadáver do ex-deputado federal Rubens Paiva, em 26 maio de
2014, trilhou um novo caminho no Judiciário brasileiro para a
impunidade contra os crimes cometidos por militares durante a
ditadura iniciada em 1964. Foi a primeira vez que um juiz instaurou
uma ação para punir criminalmente um assassinato cometido
naquele período. No Brasil, depois da Lei de Anistia de 1979, uma
interpretação bastante estrita dessa legislação impediu durante
décadas que investigações sobre casos de mortos e desaparecidos
fossem feitas pelas autoridades constituídas após a Constituição
de 1988. Como bem mostrou o filme Ainda estou aqui, o engenheiro
e ex-deputado federal Rubens Paiva foi levado de sua casa no Rio
de Janeiro por um grupo de militares sob os olhos apreensivos
de sua família em 20 de janeiro de 1971. Nunca mais voltou.
Descobrir o que ocorreu com ele depois disso tornou-se uma
missão para sua família. Em especial, para sua mulher, Eunice
Paiva. Neste livro estão esmiuçadas milhares de páginas sobre
as investigações feitas desde 1971 sobre o desaparecimento do
ex-deputado. Também está relatado como a ditadura monitorou
de perto cada passo dos interessados em desvendar o caso para
garantir que não se chegasse à verdade. Apenas em 2014, o grupo
de Justiça de Transição do Ministério Público Federal no Rio de
Janeiro conseguiu concluir o caso apontando cinco militares pelo
assassinato de Rubens Paiva.