A Queda da Bastilha, em 14 de julho de 1789, tornou-se um dos símbolos mais potentes da Revolução Francesa, evocando tanto a destruição do Antigo Regime quanto o nascimento de uma nova era política. Entretanto, a fortaleza-prisão que entrou para a memória coletiva não era apenas um local de opressão monárquica, mas também um espaço de complexas funções administrativas e simbólicas. Os estudos iniciais sobre a Bastilha enfatizaram seu papel como ícone do absolutismo e sua queda como um evento revolucionário espontâneo. Contudo, revisões historiográficas mais recentes questionam essa visão, apontando a influência da propaganda revolucionária na construção do mito da Bastilha e na consolidação de sua imagem como marco fundador da República. As dimensões culturais desse episódio revelam a Bastilha como um espaço duplamente significativo: enquanto prisão, serviu como instrumento do poder real; enquanto ruína, tornou-se um emblema do poder popular. Representações artísticas, literárias e políticas ajudaram a cristalizar essa dualidade, transformando a Bastilha em um elemento central do imaginário revolucionário. Nos debates contemporâneos, historiadores discutem o papel da Bastilha para além de seu colapso físico, explorando seu impacto na memória política francesa e seu legado em movimentos sociais modernos.