Partido das coisas

· Iluminuras
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176
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Über dieses E-Book

Adalberto Müller, crítico, escritor e tradutor profícuo, vem se dedicando, entre tantos potentes projetos, há mais de duas décadas à obra de Francis Ponge. Esse poeta francês, ao qual Müller dedicou sua tese de doutorado, é um dos mais importantes poetas do século XX. Nascido em 1899 e falecido em 1988, criou uma poética própria, que chamou a atenção de pensadores tão díspares quanto Sartre e Derrida. Sua força expressiva e originalidade levaram Ítalo Calvino a afirmar que Ponge era um "clássico moderno", fazendo com que sul-americanos do porte de Jorge Luís Borges, João Cabral de Melo Neto e Haroldo de Campos também se somassem a seu imenso rol de leitores admiradores. Nesta nova edição, Adalberto Müller, que participou da primeira tradução, coletiva, de O partido das coisas, se lança em voo solo produzindo uma importante transformação. Como se lê no posfácio, "a mudança de contexto modifica as noções das coisas". No caso desta retradução, essa modificação alcança diversos aspectos. Primeiramente, contrariamente à tradição de edição de poesia no Brasil, Müller opta por deixar o leitor frente a frente apenas com o texto em português, evitando presença do vulto original, facilmente acessível na rede. Não se trata contudo de negar a condição de tradução de seu texto, como se fosse um substituto do original. As copiosas e informadas notas do final dão a ver para o leitor interessado quão complexas são as escolhas, quão delicada é a tensão que se processa entre mundo e linguagem. A elas soma-se o posfácio no qual alguns cotejamentos são explorados, mostrando o grau de reflexão por detrás de cada decisão. Essa consciência da diferença e do movimento do diferir fazem com que Adalberto Müller, operando como um agente no processo cultural, realize um trabalho de retradução em que o processo de reescrita, mais do que aderir às palavras do original, aproxima-se daquilo que Ponge entende por noção, ou seja, a relação entre as palavras e as coisas. Assim, a conclusão do poema "Chuva", "alors si le soleil reparaît tout s'efface bientôt, le brillant appareil s'évapore: il a plu", primeiramente traduzida por "então, se o sol reaparece, tudo logo se desfaz, o brilhante aparelho evapora: choveu", agora foi reescrita como "então, se o sol reaparece, tudo logo se apaga, o brilhante aparelho evapora: houve a chuva". Chama aqui atenção a enorme modificação no final do poema que agora remete de modo mais significante ao aspecto sonoro e à noção que ele implica. O leitor poderá, devido a esse acurado artesanato, reler Ponge com outros olhos e ouvidos, ampliando as possibilidades de entendimento dessa que é, certamente, uma das mais importantes poéticas do século XX. Álvaro Faleiros

Autoren-Profil

Francis Ponge nasceu no dia 27 de março de 1899, em Montpellier, França. Aos sete anos é iniciado precocemente na música aprendendo a tocar Schumann, entre outros autores clássicos. Desde muito cedo se dedicou ao estudo do Latim e ao significado das palavras, tornando a linguagem, como sua principal preocupação literária ao longo de toda sua obra. Publicou seu primeiro texto, Sonnet, na revista Presqu'île, em 1916. Estudou Direito e Filosofia na Sorbonne não obtendo aprovação na Licenciatura em Filosofia por não conseguir falar no exame oral. Em 1922 se une a Nouvelle Revue Française e aproxima-se dos surrealistas com os quais compartilhava convicções políticas, mas, abandona-os em seguida por não concordar com suas manifestações e freqüentes discussões. Em 1936 torna-se lider sindical dos funcionários da Messageries Hachette e no ano seguinte filia-se ao Partido Comunista Francês e é demitido pela Hachette passando a trabalhar em companhias de seguros. Após ser membro ativo da Resistência Francesa durante a segunda guerra, Ponge assume um posto de chefia no diário Progrès de Lyon onde publica 53 artigos anônimos sob o título Hors Sac. Reconhecido mundialmente por sua obra Le Parti Pris des Choses (1942, geralmente vertida em português como 'O Partido das Coisas'), em que refuta a efusão lírica e a subjetividade descrevendo os objetos cotidianos em uma linguagem aparentemente objetiva e científica. Ponge explora a realidade da língua, que, em sua opinião, dignifica e humaniza todo o ser humano. Em suas descrições um pouco humorísticas, emprega neologismos criados a partir da etimologia das palavras. Esta apreensão do mundo através de vertiginosa profundidade da linguagem foi batizada com o nome de 'objeu' e combina as atividades criativas e críticas do escritor.

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