Fluxo e refluxo é resultado de quase vinte anos de pesquisa de Pierre Verger. O detalhado e criterioso estudo foi apresentado pela primeira vez na Sorbonne, em 1966, como a tese de doutorado do antropólogo e etnólogo francês. Lançada no Brasil apenas em 1987, a obra rapidamente se tornou um marco historiográfico: a partir de levantamentos feitos na costa da África e de cartas do negreiro José Francisco dos Santos, conhecido como Alfaiate, Verger reconstrói a rota de compra e venda de escravos entre a Bahia e o golfo do Benim no período da colonização portuguesa, e recupera os desdobramentos culturais dessa relação comercial.
"Apesar dessas duas comunidades terem praticamente perdido contato a partir do início do século XX, seus integrantes tornaram-se, em termos culturais, africanos do Brasil e brasileiros da África", diz Pierre Verger. Cinco décadas após seu lançamento na França, Fluxo e refluxo se prova indispensável para se compreender a história do tráfico, da escravidão e do Atlântico.
PIERRE VERGER nasceu em 1902, em Paris. Fotógrafo, etnólogo e antropólogo, viveu grande parte da sua vida em Salvador, na Bahia, e desenvolveu um importante estudo sobre o culto aos orixás para o Instituto Francês da África Negra (Ifan). Em uma estreita relação entre Brasil e África, converteu-se ao candomblé, assumindo o nome de Pierre Fatumbi Verger. Morreu em 1996, em Salvador.