Gordo ou magro, alto ou baixo, feio ou bonito, esteticamente equilibrado ou meio desajeitado... posso dizer, sem medo algum, que tendemos a selecionar o que é aceitável e a rejeitar o que deve ser excluído, levando em conta certas características e criando, assim, estereótipos que se propagam e que condicionam modos de pensar e de agir. E não é só com os outros indivíduos que o ser humano exerce seus poderes de “seleção”: com os animais, isso também ocorre. Afinal, é esteticamente viável gostar, por exemplo, de um panda, “fofinho” e que apresenta uma constante expressão de que precisa de cuidados... Agora, quando revertemos esse mesmo ponto de vista para uma cobra, o discurso muda de figura. Venenosa e tida por traiçoeira, pensar na textura de suas escamas já é motivo, para alguns, de arrepios. Mas por que essas diferenciações foram criadas? No que elas implicam? Na constante busca pela simplificação, a sociedade moderna tende a classificar objetos, pessoas e situações em boas ou ruins, esquecendo-se de que, na maioria das vezes, a vida é muito mais ampla do que isso. Nesta luta entre o “bem” e o “mal”, certos animais são “marginalizados”, ou seja, têm apenas a parte agressiva levada em conta. Não quero, aqui, mais uma vez simplificar o que é complexo. Afinal, o instinto pede que a cobra ataque quando se sinta ameaçada, certo? Mas o que muitos esquecem é que seu veneno auxilia na fabricação de soros e de medicamentos, que a sua existência é fundamental para o equilíbrio do ecossistema e que a sua atuação na natureza contribui para fazer a roda da vida continuar girando em harmonia. Para extirpar esses paradigmas, não vejo outra solução senão a educação. Aquela, que se baseia em dados científicos mas que não perde a humanidade, que explica em vez de propor o “decoreba”... A nossa contribuição para isso é publicar, nesta edição, uma Projetos Escolares dedicada aos répteis. Seres que existem há mais de 300 milhões de anos, eles são “parentes” dos dinossauros e possuem especifidades que fazem jacarés, lagartos, cobras e tartarugas pertencerem a mesma classe. Nas próximas páginas, você encontrará curiosidades, atividades práticas e informações para ministrar aulas completas, interessantes e que sirvam para acabar com pelo menos alguns dos medos dos seus alunos. Afinal, verdades absolutas e paradigmas existem para serem quebrados, concorda?