O livro destaca pontos cruciais: seu casamento conturbado com Lord Darnley, o assassinato de seu secretário David Rizzio, o envolvimento com Bothwell e a consequente perda de apoio político. Esses acontecimentos a levaram ao aprisionamento e ao confronto direto com sua prima, Elizabeth I da Inglaterra, cujo medo da legitimidade de Maria como herdeira do trono culminou em sua condenação à morte.
Mais do que uma simples biografia, Zweig apresenta Maria Stuart como um símbolo da força trágica: uma mulher de grande carisma e vitalidade, mas também marcada por decisões impetuosas e pela inexorável lógica do poder. A obra combina rigor histórico com estilo narrativo envolvente, explorando temas como a ambição, a vulnerabilidade humana e o choque entre destino pessoal e forças políticas incontroláveis.
Sua relevância reside na capacidade de unir a precisão histórica a uma leitura quase romanesca, tornando Maria Stuart não apenas um retrato de época, mas também uma reflexão universal sobre paixão, poder e fatalidade.
Stefan Zweig foi um escritor austríaco de língua alemã, amplamente reconhecido como um dos mais lidos e influentes autores de sua época. Nascido em Viena, no seio do Império Austro-Húngaro, Zweig destacou-se por suas biografias, ensaios e obras de ficção que exploram as tensões psicológicas do indivíduo e os dilemas da cultura europeia diante de um período de crises. Sua prosa clara e acessível, aliada a uma profunda sensibilidade histórica e humana, fez dele um dos grandes mestres da literatura do século XX.
A carreira literária de Zweig consolidou-se com suas novelas e biografias, sempre marcadas por um profundo olhar psicológico e humanista. Obras como Amok (1922), Carta de uma Desconhecida (1922) e Vinte e Quatro Horas na Vida de uma Mulher (1927) revelam sua habilidade em retratar paixões intensas, dilemas íntimos e a fragilidade humana diante de forças emocionais incontroláveis.
Paralelamente, suas biografias — dedicadas a figuras como Maria Antonieta, Erasmo de Roterdã, Magalhães e Fouché — conquistaram enorme sucesso, combinando rigor histórico e narrativa envolvente. Para Zweig, compreender a vida de grandes personalidades era também compreender os dilemas universais da condição humana.
Zweig foi um autor de alcance verdadeiramente internacional, traduzido em dezenas de línguas e lido por milhões. Sua escrita elegante, acessível e emotiva conquistou públicos variados e o colocou entre os escritores mais populares do período entre guerras. Ao mesmo tempo, sua obra abordou os dilemas existenciais de um mundo em transformação, oscilando entre otimismo humanista e angústia frente à barbárie.
Embora por vezes criticado por não adotar uma postura política combativa diante do nazismo, Zweig preferiu cultivar a crença no entendimento cultural e na fraternidade universal. Sua visão pacifista, cosmopolita e conciliadora foi, entretanto, tragicamente abalada pela violência e pela intolerância do século XX.