Escritor, pai depois dos cinquenta anos, cadeirante e considerado inimigo pelo governo vigente: assim Marcelo Rubens Paiva se descreve, neste livro franco e emocional, sequência autobiográfica de Feliz ano velho e Ainda estou aqui — cujo filme, dirigido por Walter Salles e com Fernanda Torres no papel principal, foi vencedor do prêmio de melhor roteiro do Festival de Veneza e candidato ao Oscar de melhor filme.
Nas obras anteriores, ele fala sobre o acidente que o deixou numa cadeira de rodas aos vinte anos, o desaparecimento do pai, Rubens, durante a ditadura militar, e a luta da mãe, Eunice, para cuidar sozinha dos cinco filhos, se tornar uma defensora dos direitos indígenas e, por fim, enfrentar o Alzheimer. Desta vez, em O novo agora, é o próprio Marcelo quem está no papel de pai.
Às vezes bem-humorado, em outras melancólico, Marcelo mergulha nas agruras da paternidade, ao mesmo tempo em que recorda períodos especialmente duros do país: primeiro, a guinada política que atinge em cheio sua família e artistas. Depois, a pandemia. E, em meio a isso, a lenta fragmentação do casamento.
A escrita avança e recua no tempo, retoma memórias de infância e relatos de seus pais e, aos poucos, constrói um retrato complexo de uma família atravessada por crises em diferentes níveis, incerta quanto ao futuro, mas que, aos poucos, aprende a sobreviver. E a sair do outro lado refeita.
MARCELO RUBENS PAIVA é escritor, dramaturgo e roteirista. Recebeu prêmios importantes, como Jabuti, Shell, Moinho Santista e da Academia Brasileira de Letras. Suas obras foram adaptadas para o cinema, teatro e séries de TV, e traduzidas para o inglês, espanhol, francês, italiano, alemão e tcheco.
É autor, entre outros, dos romances Feliz ano velho (1982) — com mais de 1,5 milhão de exemplares vendidos —, Blecaute (1986), Ainda estou aqui (2015), Meninos em fúria (2016), em parceria com Clemente Tadeu Nascimento, Do começo ao fim (2022) e O novo agora (2025). Em 2024, Ainda estou aqui ganhou adaptação para o cinema, com direção de Walter Salles, e foi vencedor do prêmio de melhor roteiro na 81a edição do Festival de Veneza.
É pai de dois meninos e vive em São Paulo.